Batom meu de todo dia

Tudo começou quando eu era bem pequenininha e ficava prestando atenção nos batons da minha mãe. Achava muito divertido poder mudar a cor de acordo com a sua vontade ou seu humor. Mas eu era "nova demais pra usar batom escuro", então, tinha que me contentar com os rosinhas, ou ser a protagonista daquelas clássicas cenas que a filha assalta os apetrechos de maquiagem da mãe e faz verdadeiras obras de arte em seu rosto.

No meio da adolescência tive aquela fase que achava todo e qualquer batom muito feio, e me limitava a um gloss de vez em quando e só. Por sorte, essa fase passou logo, e descobri que eu já podia usar batom vermelho. Pode parecer um super exagero, mas eu realmente me senti uma pessoa diferente na primeira vez que saí de batom. Sério, se você nunca usou por qualquer razão que seja, experimente, existe um poder todo especial. E então, sempre que ia sair usava batons bonitos e ficava sonhando com o dia que eu saísse da escola para poder usar batons todos os dias na hora que eu quisesse.

Acontece que eu fui inserindo o batom na minha vida aos poucos logo que saí da escola. Ainda tinha uma vergonha boba, e ficava pensando que as pessoas iam me olhar estranho só por estar de batom. Lá pelo meio do ano passado, estava numa daquelas crises terríveis de existência misturada com a recém chegada da enxaqueca mais forte do que nunca, e fiquei lembrando de todas as coisas que eu imaginava que já seria e ainda não era.

Agora eu saio de batom toda hora que eu quero, e além dos vermelhinhos, vermelhões, vinhos e laranjas, me arrisco até com um roxo, todo lindo, e me sinto muito mais feliz e confiante assim. Acho que é a sensação de me permitir, meu batom é minha liberdade, de escolha e de expressão.

Foto por Laura Chouette

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