I don't want to grow up

Talvez eu precisasse de um dia exatamente como hoje, frio e chuvoso, pra conseguir escrever esse texto. Sabe quando as coisas estão entaladas na garganta, e você sabe que só vão parar de te incomodar quando saírem dali? É esse o meu caso. Há tempos estou sentindo esse incomodo permanente, às vezes pareço até me acostumar, mas logo ele volta pra me deixar triste e insegura com o rumo que as coisas estão tomando.

Antes de entrar na faculdade, todos me avisaram que é seria assim, mas você nunca acredita que vai ter vontade de explodir tudo e todos quando ainda é calouro. Em pleno 5º período, a metade da coisa toda, me sinto como uma criança aprendendo a andar: com muita vontade de tentar, mas morrendo de medo de dar errado. E a minha tendência dramática não ajuda em nada.

Tantos projetos depois, ainda não me senti satisfeita com nenhum. Não fico feliz com meus resultados, porque tenho certeza que consigo fazer melhor, mas falta alguma coisa... alguma coisa parece estar me travando. Aí vem o medo de não ser simples falta de motivação, e sim ser falta de amor. Não era eu que dizia que a única coisa que me importava era fazer algo que me deixasse feliz?

Foto por Tanaphong Toochinda

Meu medo é que eu vire uma velha ranzinza - e bem antes da hora! - quando começar a trabalhar. Meu medo é viver a vida toda virando noites e nunca estar feliz com o resultado. Meu medo é estar jogando fora meu ânimo e meus planos. Meu medo é me transformar naquele exemplo de adulto chato que eu falava que nunca seria ser quando ainda era uma menininha.

Me sinto muito mais velha do que sou e sinto o peso do mundo nas costas, o mesmo mundo que quero conhecer e que me deixa com medo de nunca ser boa o suficiente. Aí, numa tentativa de relembrar bons tempos, toca aquela música dos Ramones, que não vai ficar velha nunca. I don't want to grow up. E não quero mesmo crescer. Quero viver pra sempre com o brilho nos olhos que eu tinha enquanto rabiscava as paredes da casa da minha avó, o mesmo brilho que tinha quando inventava pessoas e histórias, e cantava as músicas da época dos meus pais quando estávamos no carro.

Talvez a vontade de viver pra sempre sem tantas responsabilidades e escolhas sérias seja a fonte dos meus medos. Talvez seja mais fácil pensar assim. Enquanto isso, vou tentar enfrentar os problemas com aquela coragem que só temos quando somos crianças, e a certeza de que uma cama com cobertor quentinho e desenho animado na tv ainda podem curar qualquer coisa ruim.

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