Tenho me sentido uma farsa. A vida toda fiquei falando pelos cantos o quanto eu precisava de escrever pra minha vida, o quanto eu era maluca por papel e caneta, o quanto só as letras conseguiam ser minhas terapeutas e eis que chego aqui, no final desse ano que 'mudou a minha vida', com um blog largado às traças virtuais. O blog não ficou com cheirinho inebriante de velho, nem as páginas estão amareladas - como de costume nos livros possuídos pelas traças - mas a 'escritora' se sente uma farsa.
Não quero dramatizar - embora isso eu faça bem - nem quero parecer 'importante' para me justificar, afinal, quem mais sofreu (talvez a única que tenha sofrido de verdade) com essa ausência fui eu mesma. O ano todo tenho me sentido cheia, cansada, saturada pelas coisas que mudaram, pelas que continuaram, pelas que fiz e deixei de fazer. Até hoje, vinte e cinco de dezembro, Natal, continuo com um sentimento estranho, uma sensação ruim, um cansaço que não acaba nunca. E num estalo, lendo em uma passagem de um blog que a garota estava lá, escrevendo e vendo o tempo passar, consigo entender os problemas de um ano todo.
Eu, que sempre falei sobre minha necessidade de escrever, esqueci dela durante todo o ano. Não totalmente, afinal, continuo viva... mas muito me incomoda o quanto negligenciei a uma gigantesca parte de mim durante tanto tempo. Ficava rabiscando as margens das folhas, geralmente reclamando sobre minha falta de ânimo ou meus medos, mas não tive a coragem de pegar uma folha em branco, ou abrir um documento no bloco de notas.

Acho que viver um ano como esse, de mudanças tão definitivas, é de certa forma um processo muito doloroso. Não deixei minha casa, mas nem tudo é confortável. Posso não 'sofrer' tanto quanto a maioria da minha sala, mas também tenho amigos longe (mesmo os que nem se mudaram), sinto saudades das facilidades da minha vida de antes, tenho medo do futuro, e, pra melhorar tudo, tenho uma facilidade gigante para dramatizar tudo - sim, eu avisei. Talvez, seja exatamente por isso que acabei não escrevendo, achando que eu iria me sentir pior, sem saber que, minha única 'cura' seria usar as palavras para entender o que estava acontecendo comigo. Agora, sinto que tudo está melhor.
Apesar disso tudo, desse post confuso - mas necessário - quero desejar um super Feliz Natal, e que 2011 seja realmente incrível. A única certeza de que tenho, é que não mais me faltarão palavras.
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